Acessibilidade de pessoas com deficiência visual e intelectual no transporte colectivo

"Quando se fala em transportes colectivos, sempre se pensa no cadeirante,no acesso ao interior do ónibus, elevadores, pisos baixos e etc. Só que o problema não se esgota aí.
Quando pensamos em acessibilidade universal, desenho universal,acessibilidade plena e etc, somos levados a pensar em todos os tipos de indivíduos com deficiência e/ou com mobilidade reduzida, e neste diapasão, não há como se excluir os cegos.

Os cegos não precisam de elevadores, enfim, não tem problemas com relação ao acesso físico ao ónibus. Porém, os cegos, aqueles que andam de ónibus,sabem que há um problema sério com relação à acessibilidade; não só na barreira da comunicação e informação, que dificulta saber a localização do ónibus,qual é o próximo ponto, qual é o próximo ónibus que vem, se é o que o cego quer entrar, qual é a próxima esquina e etc; como também, o acesso nas ruas, onde em alguns quarteirões, podem não haver passeios adequados, sinais de trânsito que facilitariam a travessia com autonomia, etc e etc. Em alguns casos, para se vencer 2 ou 3 quarteirões, alguns cegos são obrigados a pegar 2 ou 3 ónibus, o que entendam, geraria uma desigualdade no tratamento de cidadãos, onerando o cidadão cego.

Sem falar no pessoal da deficiência intelectual, que na sua maioria tem que se deslocar acompanhado de alguém, o que obriga o pagamento de duas passagens, ainda não tem opção de emprego, etc e etc.

Penso que, enquanto todos os ítens da acessibilidade aos transportes não forem vencidos, não há como defender o passe por critério social de renda.

A gente precisa olhar mais para os lados e perceber que a realidade de um não é a realidade de todos. Somos um grupo complexo, onde existem pessoas diferentes, que cada deficiência tem sua peculiaridade, etc e etc. A maioria da nossa gente é excluída e sofre com as desigualdades.
Generalizar é dar pano pra manga dos empresários de ónibus que só pensam em lucrar.

Penso inclusive, abrindo o leque nas nossas reflexões, que o "kit do auxílio desemprego" deveria incluir um número X de vales transportes, para que o trabalhador pudesse se deslocar em busca de um emprego novo.

Texto de: Marcio Aguiar